Pequena Abelha - Chris Cleave

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  • Editora: Intrínseca
  • Páginas: 272
Nem só da doçura do mel vivem as abelhas...

Não queremos lhe contar o que acontece nesse livro. É realmente uma história especial, e não queremos estragá-la. Ainda assim, você precisa saber algo para se interessar, por isso vamos dizer apenas o seguinte:

Essa é a história de duas mulheres cujas vidas se chocam num dia fatídico. Então, uma delas precisa fazer uma escolha que envolve vida ou morte. Dois anos mais tarde, elas se reencontram. E tudo começa... Depois de ler esse livro, você vai querer comentá-lo com seus amigos. Quando o fizer, por favor, não lhes diga o que acontece. O encanto está sobretudo na maneira como a narrativa se desenrola.
Dois anos antes, numa praia nigeriana, algo de terrível tinha acontecido. Algo que ligaria para sempre a vida desta jovem com o estranho nome de Abelhinha e as de Sarah e Andrew, o casal com quem tal momento fora partilhado. Passado esse tempo, as vidas de Sarah e Abelhinha voltam a se cruzar. E, com esse reencontro feito de esperança e de tragédia, voltam também às memórias dolorosas. E a culpa...

Todo o livro é uma poderosa reflexão sobre a morte. É essa a impressão que fica desde a primeira página, e ainda que não sejam acontecimentos mortais o que mais marca toda a narrativa, há em cada um deles algo de tragédia e de nostalgia que invoca a perda na maior profundidade sentimental do leitor.
Eu preferia ser uma libra esterlina do que uma menina nigeriana. Se eu fosse uma libra esterlina todo mundo ficaria feliz ao me ver.
Contada alternadamente pelas vozes de Sarah e de Abelhinha, é no contraste entre as histórias, as vidas e até as personalidades das duas mulheres que se revelam a grande força deste livro. Abelinha, salva de uma morte aterradora, precisar enfrentar uma viagem cheia de dificuldades o horrores ao ser fechada num centro de detenção... Tudo em busca, talvez, de um instante do passado que representa a sua única fuga. Sarah, por sua vez, é uma mulher de sucesso, mas desiludida com o que a sua vida se tornou, com a morte do marido para aceitar e um filho que se veste de Batman para combater os maus e que não compreende ainda as verdadeiras regras da vida real.

Ambas, representam dois mundos em colisão, mas juntas, mudarão a vida uma da outra.

Há uma profunda emotividade na forma como o autor apresenta a história destas mulheres. Em cada momento, seja uma reflexão ou um momento de ação, o autor consegue evocar sentimentos tão diferentes como a tristeza, a nostalgia, a raiva, o medo, o ódio... E não apenas nas emoções que atribui a cada personagem, mas nos sentimentos que os atos destes - e, principalmente, as suas fraquezas - evocam no leitor. Acaba, aliás, por ser este domínio de emoções que torna o final deste livro tão marcante, já que, ao longo de toda a narrativa, vai se construindo um desejo de futuro para as duas mulheres que passaram já por muitas coisas, mas, ainda assim, o final da história representa apenas uma atmosfera das esperanças tênues que foram sendo desfiadas ao longo do livro e um impacto que fica, uma grande dúvida deixada à imaginação do leitor.

Poderosa visão de como é efêmera a vida, mas também o retrato doloroso das realidades mais pessoais e das burocracias e barreiras com que por vezes, o próprio sistema bloqueia questões de vida ou morte, este é um livro que, de forma envolvente, intensa e emotiva, transporta nas suas páginas uma grande história... E também uma forte mensagem.

Belo. Profundo. E impressionante.
- Você sabe o que é paz, Charlie?
(...)
- Paz é quando as pessoas podem contar umas às outras seus nomes de verdade.
Chris Cleave nasceu em 1973, em Londres. Estudou psicologia em Oxford e é colunista do jornal The Guardian. Pequena Abelha, seu segundo livro, publicado em 20 países, será adaptado para o cinema, estrelado e produzido por Nicole Kidman. Foi finalista do Prêmio Costa de 2008 como Melhor Obra de Ficção e indicado para o Prêmio Commonwealth Writers’ como Melhor Livro de 2009.

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